
O som do disparo que ecoa em clubes de tiro deixou de ser exclusivo de competições ou treinamentos técnicos. No Brasil, começa a surgir uma nova forma de vivenciar essa prática: o turismo de tiro esportivo.
Mais do que atirar, trata-se de experimentar uma imersão em tradições, gastronomia, história e hospitalidade — elementos que transformam o esporte em atrativo turístico e o clube em destino cultural.
Inspirado em modelos internacionais já consolidados, esse tipo de turismo tem ganhado forma em várias regiões brasileiras, mostrando que o tiro também pode ser uma ponte entre lazer e identidade regional, entre desenvolvimento local e experiências temáticas.
Santa Catarina: onde o passado mira no futuro
No sul do país, Santa Catarina se tornou pioneira na institucionalização do turismo de tiro. Desde 2022, a Rota Turística do Tiro é reconhecida por lei estadual, conectando 29 municípios com forte herança na prática esportiva e cultural do tiro — uma tradição trazida pelos imigrantes europeus, especialmente os alemães.
Neste cenário, Jaraguá do Sul desponta como capital simbólica. Em 2024, a cidade recebeu o título oficial de Capital Nacional dos Atiradores, fruto de seu protagonismo no número de clubes, no desempenho esportivo e, principalmente, na celebração cultural do tiro.
A Schützenfest, festa tradicional local, é um exemplo vivo dessa integração: trajes típicos, disputas de tiro recreativas, culinária germânica e atrações para todas as idades compõem um evento que já faz parte do calendário turístico nacional.
Mato Grosso do Sul: um roteiro em construção
Longe do litoral, no Centro-Oeste, um novo polo se forma. Tramita no Mato Grosso do Sul o Projeto de Lei 176/2023, que visa instituir a Rota do Tiro Desportivo, inspirada em circuitos temáticos como o do Texas, nos EUA. O projeto não se limita à prática esportiva, mas propõe um ecossistema que combine esporte, capacitação, lazer e turismo de experiência.
Entre as propostas estão estandes em hotéis, programas de introdução para iniciantes, eventos voltados ao público feminino e o conceito de “tiroterapia” — vivências voltadas ao bem-estar e controle emocional por meio do tiro controlado. A meta é transformar o estado em referência nacional de turismo temático voltado à prática do tiro.
Um pacote completo para além do estande
A proposta do turismo de tiro é transformadora porque vai além do disparo. O que se oferece ao visitante é uma vivência completa, que pode incluir:
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Aulas introdutórias com instrutores credenciados;
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Participação em competições locais ou eventos temáticos;
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Visitação a clubes históricos e acervos culturais;
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Degustações gastronômicas regionais e festas típicas;
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Passeios turísticos com foco em história militar e tradições armamentistas;
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Comércio de souvenirs, artesanato e artigos esportivos personalizados.
A proposta é tornar o clube de tiro um ponto de encontro turístico, não apenas para atiradores experientes, mas também para curiosos, acompanhantes e famílias — todos integrados em um ambiente seguro, acolhedor e culturalmente enriquecedor.
Economia local no centro da mira
Com estrutura adequada, o turismo de tiro pode ser um catalisador de desenvolvimento regional. A movimentação turística impulsiona diversos setores:
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Hotelaria e alimentação, com pacotes que unem hospedagem a experiências no clube;
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Transporte e receptivo turístico, integrando roteiros urbanos e rurais;
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Geração de empregos diretos e indiretos, desde instrutores a artesãos e guias locais;
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Fortalecimento dos clubes, que ganham nova função como polos de visitação;
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Valorização da cultura e da história local, que passa a ser contada também por meio do esporte.
Esse tipo de turismo tem potencial para descentralizar a prática do tiro, estimular o empreendedorismo e fomentar o pertencimento em cidades com forte tradição esportiva.
Um futuro promissor
A loja CTK Armas, de Barra do Garças (MT), conclui que o turismo de tiro esportivo se consolida como uma nova fronteira para o lazer temático e o desenvolvimento sustentável.
Com exemplos robustos como o de Santa Catarina e propostas inovadoras como as de Mato Grosso do Sul, o Brasil passa a explorar um nicho que une paixão esportiva, educação cultural e vocação turística.
Cada vez mais, clubes deixam de ser espaços fechados e ganham papel social. E o visitante que chega em busca de uma nova experiência, parte com algo a mais: o aprendizado de uma prática segura, o contato com uma tradição viva e o prazer de integrar esporte, cultura e comunidade.
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