VOLTAR

O alvo é a inclusão: o tiro esportivo nas Paralimpíadas

12 MAI 2025

Poucas modalidades expressam com tanta clareza a fusão entre precisão técnica e força interior quanto o tiro esportivo paralímpico.

Mais do que uma prova de pontaria, trata-se de uma arena onde o controle emocional, o foco absoluto e a superação pessoal são levados ao limite.

Cada disparo feito por um atleta paralímpico carrega uma história de recomeço, disciplina e conquista.

A evolução paralímpica da modalidade

O tiro esportivo fez sua estreia nos Jogos Paralímpicos em 1976, em Toronto, com disputas exclusivamente masculinas. A participação feminina teve início em 1980, e, desde então, a modalidade passou por constantes ajustes em seus formatos e categorias.

Disputas mistas, separações por gênero e a introdução de novos sistemas de pontuação marcaram o amadurecimento da competição. Hoje, o tiro esportivo adaptado segue padrões internacionais, com adaptações específicas que garantem igualdade e competitividade.

O Brasil no cenário paralímpico do tiro

O Brasil marcou presença na estreia de 1976, mas somente em 2008 voltou a competir na modalidade, com Carlos Henrique Procopiak Garletti. A virada real veio após 2002, com o incentivo do Comitê Paralímpico Brasileiro, que passou a investir em estrutura, formação e competições. Desde então, o país vem construindo uma base sólida e colhendo frutos.

Entre os nomes que despontaram, está Alexandre Galgani, responsável pela primeira medalha do Brasil na história do tiro esportivo paralímpico: uma prata conquistada em Paris 2024.

Galgani: técnica que desafia os limites

Natural de São Paulo, Galgani viu sua vida mudar completamente aos 18 anos, após sofrer uma lesão na coluna. A partir da reabilitação, reencontrou no esporte uma nova motivação. Competindo na classe SH2 — voltada a atletas que precisam de suporte para a arma —, ele superou a limitação de não movimentar os dedos para se tornar um dos melhores do mundo.

A medalha de prata em Paris, na prova R5 (carabina de ar 10m, deitado misto), com 254,2 pontos, foi o ápice de uma trajetória marcada por resiliência e inovação. O francês Tanguy de la Forest ficou com o ouro, e a japonesa Mika Mizuta, com o bronze.

Como funcionam as provas paralímpicas

O tiro paralímpico mantém os regulamentos da ISSF, adaptados pelo Comitê Paralímpico Internacional. São disputadas provas com pistolas e carabinas de ar, em distâncias de 10, 25 e 50 metros. Os atletas competem sentados, de pé ou deitados, dependendo de sua classificação funcional.

As duas principais categorias são:

  • SH1: atiradores que não necessitam de suporte para a arma.

  • SH2: atletas que utilizam suporte, como é o caso de Galgani.

Além das adaptações técnicas, os equipamentos e posições são padronizados para garantir que o desafio seja técnico, e não uma barreira funcional.

O legado de Paris e o que vem pela frente

A loja CTK Armas, de Barra do Garças (MT), destaca que a prata inédita de Alexandre Galgani em 2024 foi mais do que uma conquista esportiva: representou o amadurecimento de um projeto, o impacto do investimento em inclusão e o despertar de uma nova geração.

O Brasil mostrou que pode mirar mais alto no tiro esportivo paralímpico, com base, talento e visão de futuro. Com novos atletas sendo formados e maior visibilidade, o país se prepara para escrever capítulos ainda mais promissores nos próximos ciclos paralímpicos.

Para saber mais sobre tiro esportivo nas Paralimpíadas, acesse: 

https://cpb.org.br/modalidades/tiro-esportivo/

https://ge.globo.com/paralimpiadas/noticia/2024/09/01/alexandre-galgani-conquista-prata-primeira-medalha-do-brasil-no-tiro-esportivo-em-paralimpiadas.ghtml


TAGS:


CATEGORIAS