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Impacto e trauma: a ciência por trás da balística terminal

28 MAI 2025

Entre todas as vertentes da balística, é a terminal que revela com mais intensidade os efeitos práticos e dramáticos de um disparo. Esse campo de estudo se dedica à análise do que acontece quando o projétil atinge o alvo, sendo o ponto de convergência entre física, biologia e, muitas vezes, medicina forense.

A partir do momento do impacto, o comportamento do projétil torna-se altamente complexo, interagindo com tecidos vivos de maneiras imprevisíveis e variadas.

O que acontece no momento da colisão

Ao atingir um corpo, o projétil transfere sua energia cinética acumulada, desencadeando uma série de efeitos físicos que dependem de fatores como velocidade, massa, densidade, forma e tipo de ponta.

Projéteis expansivos, por exemplo, são projetados para se deformarem ao contato, aumentando o diâmetro do ferimento e maximizando a transferência de energia. Isso resulta em um trauma mais extenso e letal.

Tecidos menos elásticos, como o cérebro ou o fígado, são particularmente vulneráveis ao fenômeno da cavitação, em que se forma uma cavidade temporária maior do que o calibre do projétil, resultando em lesões que vão além do canal direto do disparo.

Três formas de gerar lesão

A balística terminal identifica três mecanismos principais de lesão:

  • Laceração direta e esmagamento: ocorrem pela passagem física do projétil pelo tecido

  • Cavitação temporária: causada pela rápida expansão dos tecidos ao redor da trajetória da bala.

  • Onda de choque: comum em munições de alta velocidade, gera alterações de pressão capazes de danificar tecidos sem contato direto.

Esses mecanismos podem atuar isoladamente ou em conjunto, dependendo do calibre, do tipo de munição e da região atingida.

Tipos de ferimentos e suas características

As lesões balísticas se classificam basicamente em:

  • Ferimentos penetrantes, nos quais o projétil permanece no corpo.

  • Ferimentos perfurantes, que deixam marcas de entrada e saída.

  • Feridas avulsivas, resultantes da destruição de grandes massas de tecido.

A ferida de entrada costuma ser pequena e limpa; já a de saída, quando existe, pode ser dilacerante e irregular.

Disparos à queima-roupa tendem a causar danos adicionais, como queimaduras, depósito de pólvora e ação dos gases expelidos. 

Dentro do corpo: trajetórias e complicações

Depois de atravessar a pele, o projétil pode mudar seu caminho drasticamente ao colidir com ossos ou encontrar resistência muscular. Isso pode levá-lo a rotacionar, fragmentar-se ou até causar fraturas que geram fragmentos ósseos secundários, com potencial letal.

Em regiões como o crânio, o projétil pode causar o chamado “efeito buraco de fechadura”, no qual a lesão de entrada é maior que a de saída.

Há ainda complicações clínicas raras, como a embolia balística, em que fragmentos metálicos entram na corrente sanguínea, ou o plumbismo crônico, intoxicação por chumbo decorrente de projéteis alojados por longos períodos.

Conclusão: ciência e precisão para além do disparo

A loja CTK Armas, de Barra do Garças (MT), reforça que a balística terminal é uma ciência interdisciplinar essencial para compreender os efeitos reais do disparo, seja na medicina legal, na investigação criminal ou na balística forense.

A balística terminal revela não só a capacidade destrutiva de um projétil, mas também os limites do corpo humano diante da energia cinética aplicada de forma abrupta.

Entender essa fase final do tiro é fundamental para aprimorar protocolos médicos, criar munições mais seguras e oferecer respostas mais precisas em investigações.

Para saber mais sobre balística terminal, acesse: 

https://sanarmed.com/resumo-de-balistica-forense-interna-de-efeitos-e-externa/

https://www.academiadearmas.com/balistica-terminal-um-pequeno-apanhado-sobre-o-assunto/


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